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Origens

A praia da Granja

De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
Há muito que deixei aquela praia
De grandes areais e grandes vagas
Mas sou eu ainda quem na brisa respira
E é por mim que espera cintilando a maré vasa.

(Sophia de Mello Breyner)


Não é qualquer praia que tem um poema destes que a homenageia e ao mesmo tempo torna imortal. Mas a praia da Granja (do latim granum que significa grão), do concelho de Vila Nova de Gaia, também não é uma praia qualquer. Corria o ano de 1758, e os frades Crúzios, sediados no Mosteiro de Grijó, construíram uma Quinta e a necessidade de cultivar essas terras para seu sustento esteve na origem do topónimo Granja - propriedade rústica de amanho, conjunto de dependências de uma propriedade agrícola (Alberto Luís Moreira, in A Queirosiana da Biblioteca de Gaia: A Granja de Eça de Queirós). Esta propriedade junto ao mar, era também utilizada  pelos Cónegos Regrantes do Patriarca St. Agostinho do Real Mosteiro de S. Salvador de Grijó, como estância de convalescença e de repouso, nas alturas de mais calor, e como eles próprios afirmavam podiam assim ir a ares. Cem anos mais tarde, já no século XIX, José Frutuoso Aires de Gouveia Osório, médico e politico português nascido na Invicta cidade, da qual foi Presidente da Câmara (1886-1887), adquire a Quinta aos frades, passando a ser um couto privado deste ilustre portuense, sendo baptizada com o nome de Quinta dos Aires (mais conhecida actualmente por Quinta do Bispo).

"A praia da Granja, a mais graciosa e asseada das estações balneares portuguesas  a praia por excelência elegante, nasceu após a passagem da linha férrea pelo sítio. Diz-nos a quimica, que o diamante é um carvão; a Granja, uma jóia, tem, pois, essa mesma origem. Saiu do fumo negro da locomotiva, graças ao empenho do alchimista Fructuoso Ayres..."

Estância Balnear

A Praia da Granja começa a ser frequentada pela alta sociedade da época. Personalidades públicas quer portuguesas bem como espanholas, passavam longos períodos nesta praia.

Ficou até conhecida como o "bidé dos Marqueses". Tanta era a afluência que em 1879 houve a necessidade da construção de um hotel.

"Esta gente que vinha aos banhos, tinha por costume, até então, sentar-se na areia uma hora pelo menos, a climatizar-se e depois tomavam o banho esta era uma panaceia muito respeitável e de temíveis consequências se não se cumprissem à risca as seguintes condições: tomar de choque, ou seja atirando o banhista para dentro de uma onda pelos braços de dois banheiros; a seguir dois mergulhos ou o máximo três e uma vez dentro da barraca (uma gaiola de pau com um pequeno óculo para respiração e luz) puxava-se a reacção à força de esfregões e palmadas. E toca a vestir a embrulhar o pescoço num cachecol, calçar uns caturnos de lão e cobrir-se tanto eles como elas com grossos e felpudos chailes..."

Vida social

Com uma vida social agitada, a Praia da Granja oferecia todo o tipo de serões, para todos os gostos. Desde os jogos ao ar livre, no pinhal, às festas na Assembleia com "almoços de convite, jantares de etiqueta, pic-nics, matchs au croquet, cavalgadas, concertos, sauteries, redoutes, passeios aux flambeaux, iluminações venezianas, fogos de artificio, comédias de salão, etc..."
Todos os serões eram acompanhados por música com concertos de piano, recitais, etc, chegando a contar com a presença de famosa violoncelista Guilhermina Suggia.
O teatro estava também presenta, na Assembleia, entre outras animações.

O pacto da Granja - 1876

O pacto da Granja - 1876

Este acordo foi celebrado em 7 de Setembro de 1876 na localidade da Granja, em Vila Nova de Gaia. Resultou na fusão do Partido Histórico e do Partido Reformista num único, o Partido Progressista, no sentido de se reunirem numa força política mais consistente e ativa para se enfrentar com melhores resultados o poderoso Partido Regenerador, liderado por Fontes Pereira de Melo e com grande apoio da burguesia e da corte, além de ter uma poderosa experiência e força política. Pelo lado dos reformistas, assinou o pacto da Granja o seu líder, D. António Alves Martins, bispo de Viseu, firmando o acordo pelo Partido Histórico Anselmo José Brancaamp. A institucionalização do novo Partido Progressista, com base no acordo da Granja, deu-se em 17 de Dezembro desse ano de 1876, tendo ficado como seu líder Anselmo José Brancaamp. Este acordo político tornou-se inevitável dado o crash financeiro de 18 de Agosto de 1876 em Portugal, que colocou o País quase na bancarrota. Inaugurou-se assim, na Granja, a segunda fase do Rotativismo em Portugal, período de alternância política entre partidos, no qual teve crescente expressão o partido Progressista, que, numa oposição cada vez mais forte aos Regeneradores, acabou por se oferecer como alternativa, periodicamente, a estes na chefia dos governos. Para a monarquia, esta solução rotativista reforçada pelo projeto unificado dos Progressistas, em bipolaridade com os Regeneradores, proporcionou algum equilíbrio entre os setores conservadores e os mais liberais e progressistas do País.

 

Praia da Granja

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