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Filho de Fructuoso Ayres

Alberto Aires de Gouveia

Fotografia de Alberto Aires de Gouveia com c. de 10 anos / Photo of Alberto Aires Gouveia with about 10 years

Alberto Rodrigues Ayres de Gouveia
1867-1941

Pintor

 Fotografia de Alberto Aires de Gouveia com cerca de 20 anos / Photo of Alberto Aires Gouveia width about 20 years

Alberto Rodrigues Ayres de Gouvêa, o segundo filho de Joaquim Frutuoso Ayres de Gouvêa Osório e de Felismina Adelaide Rodrigues Ayres de Gouveia, nasceu na Rua da Restauração, no Porto, a 3 de Março de 1867, no seio de uma família portuense ligada ao negócio dos vinhos. Era irmão de Felismina (1864), de Maria Ermelinda (1871) e de Álvaro (1876).
Em 1853, o pai de Ayres de Gouvêa montou na capital inglesa um negócio de comissões, sobretudo de vinhos, em colaboração com a casa exportadora portuense pertencente à família e com filial em Liverpool. E em 1861, depois do regresso ao Porto, passou a integrar a firma exportadora de vinhos do sogro (a António Caetano Rodrigues & C.ª).

Os avós paternos de Alberto Ayres de Gouvêa eram Frutuoso José da Silva Ayres, natural da Ventosa, Vouzela, negociante de vinho e exportador, e D. Maria Maximina de Gouvêa Osório Braga. Por avós maternos teve António Caetano Rodrigues, de Nandufe, comerciante no Porto e exportador de vinhos, e a portuense Felícia Felicidade Vianna.

Alberto Ayres de Gouvêa foi baptizado na paróquia de S. Pedro de Miragaia, no Porto, recebendo por padrinhos o avô paterno e a tia-avó, D. Ana Amália Vianna.



Auto-retrato a carvão de Alberto Aires de Gouveia (1902) / Self-portrait in charcoal by Alberto Aires Gouveia (1902)

Fotografias do Atelier e Casa do Artista na rua da Restauração / Photo of the Workshop and House of the Artist in Restauração Street

Durante a infância e juventude beneficiou de uma educação esmerada. Frequentou o Instituto Minerva, o Colégio de S. Carlos e o Colégio Inglês de Nossa Senhora da Providência, tendo realizado, entre 1880 e 1882, os exames às disciplinas de Francês, Aritmética, Geometria Plana, Desenho e Português, nos quais obteve total aprovação. Recebeu igualmente aulas particulares, com o Engenheiro João Gualberto Póvoa e com o filósofo e economista Basílio Teles.

Com pouco mais de dez anos de idade perdeu o pai, o avô materno e o avô materno, o que lhe causou grande tristeza.



Gostava de ler obras clássicas e contemporâneas e aprendeu violino, com o violinista e compositor Augusto Marques Pinto, mas a sua paixão era pintura, à qual se dedicou em exclusivo, depois de uma passagem fugaz pela actividade comercial exercida na firma António Caetano Rodrigues & C.ª.

Os estudos artísticos foram aperfeiçoados na
Escola de Belas Artes do Porto, onde foi discípulo do mestre da pintura naturalista, Marques de Oliveira (1853-1927).




Por norma, o pintor trabalhava no seu atelier, no n.º 67 da rua da Bandeirinha, e na casa da Rua da Restauração onde residia com a família. Quando o tempo era propício, desenhava e pintava ao ar livre paisagens do Porto e dos seus arredores.


Usava tintas importadas: óleos ingleses da Casa Windsor & Newton e pastéis franceses "Henri Roché".

Elogiado pelos críticos e pelos seus pares, Alberto Ayres de Gouvêa participou em inúmeras exposições colectivas e individuais. Em 1901 esteve representado na I exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes, que incorporou outras instituições, como o Grémio Artístico, com obras como "Cristo morto" ou "A palavra do mestre". Integrou a V Exposição Colectiva da Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa e a Exposição de Arte na Galeria de Retratos dos Benfeitores da Santa Casa da Misericórdia do Porto, de 1905, promovida pelo Instituto Portuense de Estudos e Conferências, onde expôs "Leitura das professias", "Santo Antão", "Alegre conviva", "Cabeça de Cristo", "Apolo" e retratos dos sobrinhos Maria, Joaquim e Teresa, e a cabeça de estudo "S. João da Cruz". Em Março de 1908 associou-se à I Exposição da Sociedade de Belas Arte no Porto, onde apresentou, entre outros, "Jesus curando um doente", "Comediante", "Uvas", "Concerto italiano", "Dogesse". Em 1911 voltou a expor na Sociedade Nacional de Belas Artes, com obras como o retrato de D. Teresa Ayres de Gouvêa Allen. Em 1916 participou na exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes do Porto.

Foi tema de quatro exposições individuais, bem acolhidas pelo público e pela crítica. A primeira delas ocorreu no átrio da Santa Casa da Misericórdia do Porto e constou da exibição de 30 trabalhos do artista. A seguinte, aconteceu a 7 de Maio de 1927 no Salão Silva Porto, sito na Rua de Cedofeita, onde mostrou 53 trabalhos - entre retratos, cenas de género e naturezas mortas. Em 1933 exibiu uma selecção de 60 obras no Salão Silva Porto. A última retrospectiva dedicada ao artista realizou-se em 1941, no ano de consagração e morte do pintor, e teve lugar nas cidades de Lisboa e Porto.



Aires de Gouveia foi nomeado sócio-correspondente (1901) e, mais tarde, vogal-correspondente da Sociedade Nacional de Belas Artes; nomeado em 1932, recebeu a insígnia em 1937. Foi eleito Presidente do Conselho Director do Círculo José de Figueiredo a 29 de Outubro de 1940.

Aires de Gouveia foi um gentleman e um bon vivant, com gostos refinados. Apreciava música barroca e romântica e frequentava os espectáculos de teatro lírico e os concertos de sociedades, como o "Orpheon Portuense". Actuou em peças de teatro de comédia, amador, muitas das quais da sua autoria ("A Sombra de Mendo Paes", escrita em 1896, "A Profissão de Flora", produzida em 1897, "O pretexto ou a vingança de Cyrus", de 1898 e "Uma Colheita de Cardos ou a Philosophia Aplicada"), representadas na casa da sua mãe ou na Assembleia da Granja, mas também na casa de D. Camila Ribeiro de Faria.

Passava os verões na Praia da Granja, onde animava as reuniões da Assembleia. Era uma presença assídua e notada nas festas da sociedade portuense, nomeadamente nas "costumées", para as quais desenhava trajes originais e elaborados. Amava o Porto e os seus monumentos, tendo-se insurgido contra as obras "purificadoras" de restauro da Sé do Porto, promovidas nos anos 30 pela Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais. Com a intercessão de José de Figueiredo, conseguiu salvar os azulejos barrocos do claustro gótico, assim como as pinturas de Nasoni.



Foi tema de quatro exposições individuais, bem acolhidas pelo público e pela crítica. A primeira delas ocorreu no átrio da Santa Casa da Misericórdia do Porto e constou da exibição de 30 trabalhos do artista. A seguinte, aconteceu a 7 de Maio de 1927 no Salão Silva Porto, sito na Rua de Cedofeita, onde mostrou 53 trabalhos - entre retratos, cenas de género e naturezas mortas. Em 1933 exibiu uma selecção de 60 obras no Salão Silva Porto. A última retrospectiva dedicada ao artista realizou-se em 1941, no ano de consagração e morte do pintor, e teve lugar nas cidades de Lisboa e Porto.
A comissão promotora desta grandiosa mostra, composta por importantes nomes da cultura portuguesa, editou uma brochura com textos de Júlio Brandão, dos professores Arnaldo Ressano Garcia e Aarão de Lacerda, de Braz Burity, de Joaquim Costa e do pintor Joaquim Lopes, com a finalidade de a distribuir nas salas da Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa e no Salão Silva Porto, que acolheram a exposição a que o homenageado, por motivo de doença, não pôde comparecer.

Auto-retrato a carvão de Alberto Aires de Gouveia (dos anos 30) / Self-portrait in charcoal by Alberto Aires Gouveia (30s)

Fotografia da Quinta de Santo António do Jordão, no Candal, Vila Nova de Gaia / Photo of Quinta de Santo António do Jordão, Candal, Vila Nova de Gaia

Homem de posses, fez diversas viagens pela Europa entre o final do século XIX e o início do século XX, tendo visitado os seus principais museus e monumentos. Esteve presente na Exposição Universal de Berlim, visitou parte de Espanha, Paris, a Suiça e algumas cidades italianas, como Veneza, Milão e Capri, acompanhado pelo seu mestre e amigo Marques de Oliveira. Visitou, também, a Polónia, a Rússia e a Alemanha e viajou até ao Colégio Inglês de Heidelberg, onde o irmão Álvaro ia estudar. Mais tarde, em 1894, acompanhou a mãe e a irmã mais nova numa visita a esse irmão e, durante as férias escolares deste, frequentaram todas as estâncias termais alemãs. Durante outra viagem, realizada entre Março e Maio de 1901, passou por Marselha e deteve-se em Itália e na Grécia.


Em Junho de 1903 visitou Nápoles, Roma, Florença e Milão e, por fim, em Novembro de 1908, assistiu em Roma à comemoração do Jubileu Sacerdotal do Papa Pio X (1835-1914), na qualidade de primeiro secretário do embaixador extraordinário D. António Ayres de Gouvêa, Arcebispo de Calcedónia e Comissário-geral da Bula da Santa Cruzada.

Faleceu a 12 de Outubro de 1941, solteiro, com 74 anos de idade, na Quinta de Santo António do Jordão, no Candal, Vila Nova de Gaia. O funeral teve lugar na Igreja dos Carmelitas.
Deixou mais de 250 trabalhos assinados: pinturas religiosas, retratos, naturezas-mortas e motivos vegetalistas, em especial a pastel. Parte destas obras pode ser contemplada no
Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, no Museu Nacional de Arte Contemporânea de Lisboa e no Museu Grão-Vasco, em Viseu.

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