PRAIA DA GRANJA
Pela mão de Frutuoso Aires, no início da década de setenta, nasce a Granja. Uma correnteza de casas para a família do abastado comerciante do Porto, e alguns lotes vendidos criteriosamente, constituíram o modo de dar vida a esta apreciada estância balnear (Luís Paula Saldanha Martins in Banhistas de Mar do século XIX, 1989). As sete casas edificadas inicialmente, pertenciam aos filhos de Frutuoso, e a sua construção deu origem à principal rua a chamada Avenida da Granja. A Granja tornou-se rapidamente na mais aristocrática das praias do litoral português (Ramalho Urtigão). A 7 de Junho de 1864, Vila Nova de Gaia e Lisboa ficam ligadas por via férrea, com a chegada do comboio ao lugar das Devesas, e com a posterior construção da Estação da Granja, dá-se o desenvolvimento desta estância balnear. A praia da Granja, a mais graciosa e asseada das estações balneares portuguesas, a praia por excelência elegante, nasceu após a passagem da linha férrea pelo sítio. Diz-nos a química que o diamante é um carvão; a Granja, uma jóia tem pois essa mesma origem. Saiu do fumo negro da locomotiva graças ao empenho do alquimista Frutuoso Aires (José Augusto Vieira, in Minho Pitoresco, 1987).
O ambiente que se vivia nesta praia do Norte de Portugal era de puro elitismo, tendo-se criado um mundo social e intelectual muito próprio, com uma forte identidade territorial. Em 1890, o Grilo de Gaya, um jornal local descreve muito bem ambiente: Têm chegado algumas famílias à praia da Granja, porém sempre as de costume: só fidalguias (...) Esta praia, talvez a mais bonita e saudável da nossa beira mar, torna-se tristonha sem alegria, porque muitos banhistas preferem andar quasi sós, não querendo gente de classe baixa que os estorvem. A Granja tornou-se num local privilegiado e elegante: local de cavalgadas, de quermesses, dos torneios de ténis e de cricket , dos bailes e concertos, das tardes de chá e bridge...um local de príncipes e princesas, um local de conto de fadas.